Bate-boca, ameaça de prisão e confirmação de plano de golpe; veja depoimentos para Moraes no STF 1e6r3p

Testemunhas de acusação e defesa na ação da tentativa de golpe de Estado serão ouvidas até 2 de junho; 'núcleo crucial' é composto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus 1v1nq

26 mai 2025 - 17h34
(atualizado às 17h53)
Resumo
Depoimentos no STF sobre tentativa de golpe vinculam Bolsonaro e aliados a planos golpistas, enquanto tensões marcaram as audiências, com confirmações de conspirações, versões conflitantes e ameaças de desacato.

O Supremo Tribunal Federal (STF) segue ouvindo até 2 de junho testemunhas da ação penal contra o chamado "núcleo crucial" da tentativa de golpe de Estado, composta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus. Ex-comandantes das Forças armadas, governadores, militares, parlamentares e ex-integrantes de alto escalão do governo Bolsonaro fazem parte da lista. 575070

A última semana, que abriu os dez dias de depoimentos, foi marcada pela confirmação da existência da chamada "minuta do golpe", pelo ex-comandante do Exército e general da reserva Marco Antônio Freire Gomes.

Publicidade

Em dado momento de sua oitiva, o general foi repreendido pelo ministro Alexandre de Moraes, que conduzia a audiência, por dar versões diferentes, ao STF e à Polícia Federal (PF), sobre a aceitação do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos em participar do golpe. Já o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Baptista Junior confirmou a versão de que o almirante teria colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro.

Os depoimentos foram marcados por outros momentos de tensão, como na audiência com o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, com Moraes ameaçando prender o ex-ministro por desacato, após ele dizer não itir "censura". Veja as informações mais importantes prestadas pelas principais testemunhas.

Ex-analista de inteligência do MJ levantou dados sobre eleitores de Lula e Bolsonaro às vésperas do segundo turno 1g2l60

Ex-analista da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça, Clebson Ferreira de Paula Vieira afirmou que recebeu encomendas de estudos sobre a distribuição de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Naquele pleito, em que Bolsonaro tentava a reeleição e concorria contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os agentes da corporação fizeram batidas em locais que são redutos eleitorais do petista.

Segundo Vieira, que é testemunha de acusação na ação penal, os pedidos foram para analisar dados de concentração de votos acima de 75%, tanto para Lula quanto para Bolsonaro, e para distribuir para a PRF um para possível tomada de decisão.

Publicidade

Ex-comandante do Exército confirmou existência de 'minuta golpista' 5m1y68

Ex-comandante do Exército e general da reserva, também testemunha de acusação, Marco Antônio Freire Gomes confirmou em depoimento a existência da chamada "minuta golpista", apresentada em reunião com o então ministro Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, os outros dois chefes das Forças Armadas e Bolsonaro. O militar acrescentou que os "considerandos" eram embasados em aspectos jurídicos e na Constituição, e foram apresentados inicialmente como hipóteses em estudo, que ainda seriam aperfeiçoadas. Ele também disse que avisou Bolsonaro que o Exército não participaria de nenhuma iniciativa que violasse a Constituição.

Freire Gomes também foi repreendido durante a oitiva pelo relator, Moraes, sobre ter dado versões diferentes acerca da concordância do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos com a trama golpista. Após o general afirmar que "não lembrava" do almirante ter falado à favor do golpe, e que não interpretou a "demonstração de apreço" como nenhum tipo de conluio, Moraes interrompeu o interrogatório para relembrar que a versão dada pelo general à PF foi outra. "O senhor disse na polícia que Garnier se colocou à disposição do presidente. Ou o senhor falseou na polícia ou está falseando aqui", disse.

Ex-chefe da FAB revela que Bolsonaro fez 'brainstorm' para editar minuta do golpe 4a1ef

Ex-comandante da FAB Carlos de Almeida Baptista Junior.
Ex-comandante da FAB Carlos de Almeida Baptista Junior.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão

Ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Junior confirmou que em uma das reuniões após o segundo turno das eleições de 2022, foram aventadas possibilidades do que se faria para concluir o golpe. Segundo ele, foi feito um "brainstorm" em que a hipótese de prender o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, foi colocada sobre a mesa.

O ex-chefe da FAB também disse que comunicou a Bolsonaro que não havia evidências de que as urnas eletrônicas tivessem falhas, em diversas reuniões, e confirmou a versão de que o almirante Almir Garnier, então chefe da Marinha, colocou suas tropas à disposição do ex-presidente para dar o golpe.

Publicidade

Baptista Junior também confirmou que o general Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro caso houvesse um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para evitar a posse de Lula, eleito em outubro de 2022. O alerta foi feito em uma reunião no Palácio da Alvorada em novembro daquele ano.

Comandante da Marinha nega ter recebido ordens sobre blindados para golpe 581l5g

O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, que depôs como testemunha do ex-comandante Almir Garnier, negou ter recebido ordens para empregar o uso de blindados na tentativa de golpe. O comandante também disse desconhecer os motivos da ausência de Garnier na cerimônia de agem do cargo, em janeiro de 2023, algo que nunca havia acontecido na história da instituição.

Mourão diz que não sabia de nenhuma reunião golpista 3q3k6k

Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

O ex-vice-presidente da República e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou desconhecer qualquer reunião que planejasse tentativa de golpe de Estado e culpou o governo Lula pela desordem na capital federal no 8 de janeiro de 2023. O senador é testemunha do general Augusto Heleno, do ex-ministro da Defesa Paulo Oliveira, de Bolsonaro e de Braga Netto.

Mourão afirmou que não teve o à troca de mensagens entre ex-comandante de ordens Mauro Cid e tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, na qual foi citado. Nas mensagens, Riva encaminha o que seriam informações de uma reunião entre Bolsonaro e o ex-vice-presidente Mourão e outros generais. Riva diz que Mourão negociou com outros generais a saída de Bolsonaro, chamado de "01?.

Publicidade

Ex-ministro da Defesa é ameaçado de prisão por desacato f4a5y

Moraes ameaça prender Aldo Rebelo após discussão em depoimento no STF: ‘Atenha-se aos fatos’
Video Player

Ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, Aldo Rebelo afirmou que o almirante Garnier disse sobre "deixar à disposição" do ex-presidente Bolsonaro suas tropas em caso de uma tentativa de golpe não poderia ser tomado "literalmente" e que na língua portuguesa "usamos 'força de expressão'". Testemunha do almirante, Rebelo foi advertido por Moraes, que questionou se o ex-ministro participou da reunião em questão e, após negativa, disse que então ele não tinha condição de avaliar o uso da língua portuguesa naquele momento. O ex-ministro rebateu afirmando não itir "censura", no que Moraes, então, ameaçou prendê-lo por desacato.

Ex-ministro da Saúde diz que consolou Bolsonaro pela derrota 5b2c4y

O ex-ministro da Saúde de Bolsonaro Marcelo Queiroga negou ter sido procurado por pessoas do governo para falar sobre tentativa de golpe de Estado e disse que "consolou" o ex-presidente no dia seguinte à derrota contra Lula.

Testemunha de Braga Netto e Augusto Heleno, o ex-ministro afirmou que teve repetidos encontros com ambos durante 2022, motivados pelo "desejo" de que Bolsonaro fosse reeleito.

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações