Victor Galisteu encara dupla jornada com musical e gravação de novela: 'Pedi muito a Deus' 2q6o1v
Em entrevista à CARAS Brasil, Victor Galisteu revela como foi conciliar ensaios de Bare, peça em que vive o protagonista, com gravação de novela da Record 4s6p4i
Estrela do musical Bare - Uma Ópera Pop, Victor Galisteu (21) se despediu do protagonista Jason na última quarta-feira, 30, quando a atual temporada do espetáculo chegou ao fim em São Paulo. Além de ter dado vida a um jovem que temia as consequências da descoberta de sua sexualidade, o intérprete também encarou gravação na novela Paulo, o Apóstolo, da Record. Em entrevista à CARAS Brasil, ele fala sobre como lidou com a dupla jornada: "Pedi muito a Deus", revela. 4k1v27
Maratona entre São Paulo e Rio 595160
Durante os ensaios de Bare - Uma Ópera Pop, Victor Galisteu precisou dividir sua energia entre o palco e os estúdios de gravação. Enquanto dava vida ao protagonista Jason, o ator também se dedicava à novela Paulo, o Apóstolo, da Record. A rotina exigiu deslocamentos entre estados, trocas de figurinos e preparo técnico dobrado. Mas Victor não reclama — pelo contrário, enxerga esse momento como uma bênção.
"Estar em Paulo, o Apóstolo foi uma experiência intensa e muito especial, ainda mais por acontecer no meio dos ensaios de Bare", relembra. "Precisei conciliar gravações no Rio com ensaios em São Paulo, troca de figurinos e preparações simultâneas, mas deu tudo certo. Pedi muito a Deus para me guiar nessa jornada dupla, e fui atendido."
Mesmo com a correria, ele ainda destaca a alegria de contracenar com Velson D'Souza (38), também responsável pelos workshops de preparação do musical, na produção da Record: "Um artista generoso, que me ensinou muito."
Ponto de virada 6y5x69
Jason, de acordo com Victor, não foi apenas um personagem, mas um divisor de águas. O estudante do internato católico, que vive um amor secreto e enfrenta dilemas sobre sua identidade, ofereceu ao ator uma chance rara de explorar emoções intensas no palco. "Ter o privilégio de dar vida a um personagem com tanta densidade emocional, enfrentando conflitos internos e sociais tão profundos, me fez crescer como artista e como ser humano", declara.
A entrega foi total, mesmo diante do frio na barriga que antecedia cada sessão. "Ainda assim, foi um enorme desafio — e um que abracei de corpo e alma. Sentir o frio na barriga antes de cada apresentação e carregar o peso desse personagem só reforça o quanto sou apaixonado pelo que faço", completa. Com Jason, Victor descobriu novas camadas de si mesmo e também fortaleceu sua convicção de que quer viver personagens que, como ele diz, "me transformam".
Construção verdadeira 706t4x
Por nunca ter vivido, pessoalmente, as dores da repressão sexual, Victor decidiu ouvir — e ouvir muito. "O primeiro o foi olhar pra dentro de mim e entender onde estavam as minhas próprias dores e segredos, para emprestar isso ao Jason. Mas fui além: como nunca enfrentei, pessoalmente, questões ligadas à aceitação da minha identidade sexual, procurei ouvir pessoas próximas a mim, com muito respeito, para entender como é viver com esse tipo de dor e silêncio", conta.
Esse processo só foi possível com apoio e afeto: "Essa escuta, somada à direção sensível do Diego Montez, à lapidação da Gabi Camisotti e à preparação intensa da Mafe Alcântara, me ajudou a construir o Jason com muita verdade. Sou muito grato a cada um deles". O trabalho coletivo foi fundamental para que o personagem existisse de forma potente — e honesta — em cena.
Entre amigos 1a1p16
Para Galisteu, uma das riquezas de Bare foi a troca verdadeira entre os colegas de cena. A amizade com Andy Cruz, seu par romântico, começou ainda nos testes: "Nossa conexão aconteceu logo no teste, quando cantamos o dueto 'You and I'. Ali já nasceu uma amizade verdadeira que quero levar pra vida inteira".
E não faltam elogios ao artista: "Andy é um artista sensível, extremamente talentoso, com uma técnica vocal absurda e um coração gigante. Sem ele mergulhar comigo de cabeça nesse processo, nada do que construímos juntos em cena teria acontecido da forma que aconteceu".
A relação com os outros atores também foi marcada por cumplicidade: "A Belle Carceres tem um lugar especial no meu coração desde os tempos em que fazíamos teatro em São José do Rio Preto. Encontrá-la agora foi um presente que só o destino poderia me dar". Sobre Davi Fields (22), ele brinca: "O Davi conseguiu a proeza de ser o mais amado do elenco e, ao mesmo tempo, o mais 'mala' — e digo isso com todo carinho do mundo, porque nossa amizade se transformou numa relação de irmãos".
E com Manu Gioieli, a conexão foi imediata: "Minha irmã de cena e de alma. A Manu é única. Somos parecidos em algumas coisas, completamente diferentes em outras — como irmãos de verdade".
Galisteu também faz questão de agradecer aos veteranos do elenco. "Helga Nemeczyk, Marcelo Goes e Lola Borges foram fundamentais pra mim nesse processo. Foi um privilégio aprender com quem já trilha esse caminho com tanta maestria", compartilha.
Superação no palco y6l6y
Nem tudo foi fácil durante a preparação. No começo dos ensaios, Victor enfrentou uma faringite persistente que afetou seu desempenho vocal. "Cheguei a me preocupar, porque as exigências vocais do Jason são muito altas", conta. A solução veio com paciência e apoio técnico. "O Jorge de Godoy, nosso diretor musical, foi essencial nesse processo. Juntos, buscamos soluções e cuidamos da minha saúde vocal com muito carinho."
O preparador vocal Roberto Montezuma também foi peça-chave. "Ele não só me ajudou a soltar o gogó (risos), como também trabalhou minha autoconfiança. Durante os ensaios, ele me dizia: 'Talvez você saiba cantar, sim!' — daquele jeito brincalhão. E isso fez toda a diferença". Entre técnicas vocais e autossuperação, Victor encontrou um equilíbrio entre projeção e verdade dramática.
Bare como acolhimento 1n378
Ao dar voz a Jason, Victor também refletiu sobre sua própria espiritualidade. Cristão, ele acredita que a fé deve ser espaço de acolhimento — não de exclusão. "É importante dizer que, em nenhum momento, criamos essa montagem com a intenção de afastar as pessoas de suas espiritualidades. Muito pelo contrário. A intenção sempre foi abrir espaço para que mais pessoas possam viver sua fé e suas crenças sem medo, sem julgamento, e principalmente sem punição por simplesmente serem quem são", declara.
Ele reforça que viu e viveu situações em que a fé foi usada como opressão — e que Bare oferece um contraponto importante. "Como um jovem cristão, posso afirmar com convicção que sei bem o que estou dizendo. Acredito profundamente que o caminho do acolhimento é o único possível. Bare fala disso. E ver esse diálogo acontecendo entre palco e plateia é uma das maiores recompensas desse trabalho."
O que vem pela frente 575a1f
Ao se despedir do espetáculo, Victor leva consigo um aprendizado que vai além do ofício: uma transformação pessoal. "Atuar em Bare é uma montanha-russa emocional. Mas é também um prazer imenso. Mergulhar nesse formato híbrido, que mistura teatro, drama e música pop/rock, me permitiu explorar novas camadas como ator."
Ele sabe que saiu da temporada mais forte, mais técnico e mais apaixonado. "Sinto que saio desse espetáculo não só mais preparado, mas também mais apaixonado pelo que faço". O Jason, ele diz, não vai embora tão cedo. "É uma história que vou levar pra sempre comigo — na pele, na voz e no coração", conclui o artista, que espera retornar aos palcos em breve como o personegam.