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Como a 3ª temporada de The Last of Us pode salvar a série — ou matá-la de vez 61i1v

Após dois momentos de suspense no final recente, os fãs podem ficar se perguntando como a série continua; a resposta pode vir dos games 304aw

28 mai 2025 - 11h29
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Kaitlyn Dever como Abby na segunda temporada de The Last of Us
Kaitlyn Dever como Abby na segunda temporada de The Last of Us
Foto: Divulgação/HBO / Rolling Stone Brasil

Com mais uma leva de reviravoltas chocantes, a segunda temporada de The Last of Us, da HBO, chegou ao fim. Ao longo de sete episódios, a adaptação do jogo de PlayStation traçou um caminho sangrento por sua versão apocalíptica de Seattle, matando personagens a todo momento — alguns com um impacto maior do que outros. 45f6h

Embora a primeira temporada da série não tenha economizado na eliminação de coadjuvantes, a trama deste ano foi ainda mais pesada para o público, culminando em um fim abrupto e brutal para quem muitos consideravam a estrela do show: Joel Miller, interpretado por Pedro Pascal. Assim como aconteceu com quem já havia lido As Crônicas de Gelo e Fogo antes de assistir a Game of Thrones, os jogadores de The Last of Us sabiam da morte de Joel desde que a adaptação para a TV foi anunciada, em 2020.

Considerando tudo, o público televisivo lidou relativamente bem com essa reviravolta — ou, pelo menos, melhor do que muitos jogadores inicialmente. Após o lançamento de The Last of Us Part II, em 2020, a morte de Joel ajudou a alimentar uma campanha de ódio contra os criadores e o elenco do jogo, incluindo a atriz Laura Bailey, que deu voz a Abby.

Apesar da resposta mais racional desta vez, muitos espectadores temem que a série tenha perdido sua essência ao romper a relação entre Joel e Ellie (Bella Ramsey). Após a saída de Joel, houve uma mudança perceptível no tom das discussões online; uma sensação agravada pelo final da temporada, que deixou não um, mas dois ganchos, deixando o destino de Ellie em dúvida para quem ainda não jogou o game.

Mas, como muitos fãs já sabem, há motivos para ter esperança quanto ao futuro da história. Apesar de algumas mudanças significativas em certos pontos e personagens, a adaptação da HBO se manteve surpreendentemente fiel à estrutura complexa (e controversa) do jogo que a inspirou. Se a trama original serve de indicação, o que vem pela frente pode ser um dos melhores momentos da série.

Qual é o problema? 84e73

Desde o anúncio da série, jogadores se perguntam como os criadores Craig Mazin e Neil Druckmann (que também co-criou os jogos) lidariam com a história ambiciosa de The Last of Us Part II. Na primeira temporada, o caminho era relativamente óbvio: o jogo de 2013 usa uma linguagem cinematográfica e atuações em captura de movimento dignas de Oscar para contar uma narrativa relativamente direta, que se encaixa bem em um filme ou série.

Acompanhando Joel e Ellie em uma jornada pelos EUA, a história se divide ordenadamente em quatro capítulos, baseados nas estações do ano, com subcapítulos que servem como paradas narrativas, onde novos personagens entram e saem (geralmente, morrendo).

O segundo jogo, no entanto, é uma narrativa muito mais ampla, que usa diferentes perspectivas e métodos para subverter expectativas, surpreendendo o jogador com mudanças de foco e desvios. O jogo começa com um prólogo que também funciona como um longo tutorial e termina com a morte de Joel, o que dá início à jornada de vingança de Ellie. Na série, esses eventos ocupam três episódios completos (quase metade da temporada), antes que a trama acelere exponencialmente.

Como mencionado, a temporada termina com dois ganchos. Primeiro, Abby (Kaitlyn Dever) chega para um confronto com Ellie. Devastada pelo fato de Ellie ter matado seus amigos, Abby aponta a arma para Ellie e puxa o gatilho, antes de a cena cortar para o preto, deixando o destino de Ellie um mistério. A cena seguinte mostra Abby em um local não identificado, que logo se revela ser o estádio de futebol usado pela WLF (Frente de Libertação de Washington) como quartel-general. Com uma batida de tambor rítmica, surge o texto na tela: "Seattle, Dia Um" — indicando que a história está voltando três dias no tempo.

A primeira parte é um clássico gancho de "rage bait", feito para deixar o público especulando se Ellie realmente morreu (algo plausível, dado o alto número de mortes até agora). E a espera pode durar até dois anos, considerando o intervalo entre as temporadas anteriores. Mas é a segunda reviravolta que chama mais atenção — e é bem familiar para quem jogou.

Em The Last of Us Part II, os jogadores assumem o controle de Ellie com uma visão limitada, sem saber quem é Abby ou por que ela matou Joel. De fato, há quase nenhuma informação sobre os Lobos, os Cicatrizes ou qualquer coisa fora da perspectiva de Ellie. Jogando pela primeira vez, o confronto entre Ellie e Abby pode ocorrer após 10 a 12 horas de jogo (ou seja, o tempo de duração do primeiro game), e parece que você está chegando ao fim. Então, o gatilho é puxado, a tela fica preta. O que vem a seguir é uma surpresa ainda maior do que a morte de Joel: o jogo não acabou — ele pode ter acabado de começar.

Sem entrar em grandes spoilers, a trama de The Last of Us Part II é estruturada como uma épica narrativa em três atos (sem contar o prólogo), e a jornada de três dias de Ellie por Seattle compõe apenas o primeiro terço. O ato seguinte revisita esse mesmo período, mas da perspectiva de Abby. A partir daí, a história continua após o conflito delas no teatro.

Durante anos, fãs se perguntaram como, afinal, a HBO contaria essa história. Alternaria entre as perspectivas ou cortaria grandes partes do enredo? A terceira temporada foi anunciada antes mesmo da estreia da segunda, mas ainda assim não havia nenhuma indicação sobre uma quarta. A estrutura da história original poderia ter sido completamente alterada; parecia improvável que os roteiristas fariam o mesmo truque de virar o jogo, mas foi exatamente o que eles fizeram.

Em uma entrevista recente ao Collider, Mazin deixou claro que imagina a série com quatro temporadas, dizendo: "Não há como concluir essa narrativa na terceira temporada". Com base no gancho do final, até quem não jogou pode esperar que a próxima parte foque mais em Abby — e isso parece mesmo ser o caso. Falando à Variety, Catherine O'Hara (Gail) confirmou essa teoria ao comentar se voltaria à série: "Definitivamente não na próxima temporada. É a história da Abby." Mas sem Joel ou Ellie, será que o público vai continuar assistindo?

A ascensão de Abby 5c6r54

Desde o início, mudar a perspectiva para a de Abby seria algo controverso, fosse no jogo ou na série. Após uma jornada emocional com Joel e Ellie, os fãs se apegaram à dupla. Matar Joel já foi um golpe baixo, mas forçar os jogadores a assumir a identidade de sua assassina? Muitos consideraram isso um insulto.

Nos anos seguintes ao lançamento do segundo jogo, quem se sentiu traído correu para fóruns como o Reddit para reclamar das escolhas narrativas. A maior comunidade de críticos está em um subreddit dedicado a atacar a história e, mais especificamente, o papel de Abby, que tem sido uma incubadora de discurso de ódio e assédio contra quem esteve envolvido com The Last of Us Part II nos últimos cinco anos.

Um dos principais temas de Part II é justamente o fato de que todos veem os acontecimentos apenas de suas próprias perspectivas; todos esses personagens que sofrem perdas e am esse sofrimento adiante fazem isso sem saber o que os outros também estão ando. Ellie não sabe que Joel matou o pai de Abby até já ter derramado o sangue de um pequeno exército em retaliação. A própria Abby também não tem consciência das atrocidades que ela e a WLF cometem até se deparar com situações que a forçam a conhecer melhor os Cicatrizes.

Mudar para a perspectiva de Abby e reviver as 72 horas em Seattle permite que jogadores — que antes só a conheciam como uma vilã — comecem a entender por que ela matou Joel e o que ela está ando. Tendo perdido tudo no começo, Abby encontra uma nova família entre os Lobos e outros personagens que ainda não foram introduzidos na série. Depois de algumas horas jogando com Abby, enquanto Ellie persegue Seattle matando os amigos dela, os papéis se invertem. Nesse contexto, Abby é a protagonista — ou, ao menos, uma deuteragonista tão importante quanto.

Infelizmente, algumas decisões já tomadas pelos roteiristas da série acabaram diminuindo um pouco esse impacto. Revelar a motivação de Abby no segundo episódio tira o peso da revelação mais adiante, quando ela obriga Nora a contar informações. Há também várias sequências que apresentam o conflito maior entre os Lobos e os Cicatrizes — central para a história de Abby —, mas que não têm relevância direta para a trajetória de Ellie.

Mas aqui está o ponto: a história de Abby é fantástica. Tem todos os elementos da de Ellie — família encontrada, triângulos amorosos, amadurecimento em um mundo brutal —, só que elevados a outro patamar. Ela é uma personagem profundamente empática, apesar de sua casca dura, e os eventos que se desenrolam para ela acabam tornando a trajetória de Ellie quase modesta em comparação. É uma expansão de tudo que fez The Last of Us Part I e II funcionarem tão bem, oferecendo uma visão ainda mais complexa deste mundo e de seus habitantes.

Mais importante, essa mudança de perspectiva pode ser justamente a solução para o atual vazio deixado por Joel. Se todos se perguntam por que continuariam assistindo Ellie sem Joel, talvez o melhor seja justamente apresentar um novo grupo de personagens para conhecer e acompanhar. Voltando a Game of Thrones, uma das maiores forças daquela série (ao menos no começo) foi a constante mudança entre personagens e facções. Mocinhos faziam coisas ruins; vilões faziam coisas horríveis, mas mesmo assim nós os amávamos.

Muito do prazer de assistir vinha do fato de o público ser forçado a reconsiderar personagens com quem antes se identificava, mudando de perspectiva com o tempo. É isso que The Last of Us pedirá daqui para frente. Pode ter sido fácil com Joel (o carisma de Pascal é contagiante), mas quem conhece o jogo sabe que o mesmo é possível com Abby.

Se a terceira temporada abraçar ainda mais o jogo e contar uma história diferente, há esperança de que todos — espectadores e personagens — encontrem algum conforto no desconhecido. Para quem tiver a mente aberta, o melhor ainda pode estar por vir.

+++LEIA MAIS: Além de The Last of Us: 8 jogos de videogame que renderiam boas séries

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