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'A Mulher no Jardim' chega atrasado na conversa com mais um filme de terror sobre luto 3b24f

Na pior fase da carreira, diretor Jaume Collet-Serra tenta fazer 'filme cabeça', mas entrega uma história confusa e sem emoções 315b2p

9 mai 2025 - 22h11
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Após O Babadook, terror australiano de 2014, o cinema de Hollywood parece ter redescoberto que é uma grande ideia falar sobre luto e depressão por meio do horror -- seja com criaturas, rituais ou famílias amaldiçoadas. É uma nova vertente que tomou conta do gênero, indo desde Midsommar, ando por A Bruxa e até chegar em Nós. Agora, o cineasta Jaume Collet-Serra chega atrasado nessa conversa com A Mulher no Jardim. 6j676p

'A Mulher no Jardim' tem bom visual -- e só
'A Mulher no Jardim' tem bom visual -- e só
Foto: Universal Pictures/Divulgação / Estadão

Estreia desta quinta-feira, 8, o longa-metragem traz todos os elementos que o gênero já usou e abusou nos últimos anos: luto, depressão, famílias desestruturadas, uma criatura maligna representando essas emoções e assim por diante. Nada de novo no front.

Terror esvaziado em meio ao luto familiar 6v6h6t

A história acompanha uma mãe (Danielle Deadwyler) que está sofrendo profundamente após a morte do marido. Para completar, ela ainda saiu machucada do acidente que o matou, deixando-a com um gesso na perna e uma considerável dificuldade para andar. Os dois filhos se viram, mas toda a complicação familiar paira no ar como uma névoa densa.

É nesse cenário que uma mulher misteriosa aparece no jardim. Simples assim. Com marcante presença física da atriz Okwui Okpokwasili, a criatura está sentada ali, em uma cadeira, vestida inteiramente de preto, da cabeça aos pés. Ninguém sabe o que é -- apenas que se trata, sem dúvida, de uma entidade maligna, que arrasta sombras por onde a e até mesmo ceifa a vida de alguns animais no meio do caminho. A mãe tenta decifrar o monstro, mas não consegue. Tudo é engolido pela escuridão da narrativa.

Com roteiro assinado pelo novato Sam Stefanak, Collet-Serra parece aquela pessoa que conta uma fofoca que já está circulando há meses. Sem nenhum material consistente de apoio, o cineasta roda em círculos tentando encontrar substância no filme. O horror é banal, com a tal criatura despertando mais curiosidade do que medo. O diretor tenta imprimir um tom autoral, reduzindo o ritmo de sustos e acontecimentos, mas em vão. O filme soa pretensioso e arrastado, sem provocar sobressaltos ou despertar um interesse genuíno.

A decadência de um cineasta promissor 1x1a2j

Isso toma conta do espectador que, lá pela metade, não consegue deixar de submergir em um sono avassalador -- mesmo com Collet-Serra correndo para introduzir alguns sustos e tentando colocar o terror, finalmente, em primeiro plano. Tarde demais: a atenção já se perdeu e o filme naufraga em um vazio, um vórtex de pretensões sem conteúdo.

Chega a ser desconcertante a péssima fase do cineasta. No ado, o espanhol transitou com desenvoltura entre bons filmes de terror e ação, como A Órfã, A Casa de Cera, Sem Escalas, Águas Rasas e afins. A derrocada começou de fato em 2021, quando trocou seu principal parceiro de cena: saiu Liam Neeson, com quem trabalhou em quatro filmes, e entrou Dwayne Johnson, em filmes esquecíveis como Jungle Cruise e, claro, Adão Negro.

Danielle Deadwyler tenta, mas não tem material para trabalhar em 'A Mulher no Jardim'
Danielle Deadwyler tenta, mas não tem material para trabalhar em 'A Mulher no Jardim'
Foto: Universal Pictures/Divulgação / Estadão

A Mulher no Jardim, que chega após o desastre com The Rock e o apenas razoável Bagagem de Risco, exclusivo da Netflix, soa como o canto desesperado de um cineasta que já foi promessa. Com um filme tão ultraado em suas propostas, fica difícil manter o interesse por projetos futuros de Collet-Serra, como Cliffhanger, com Lily James, ou Jungle Cruise 2. Faltam ideias frescas para um diretor que parece ter entrado no modo automático, aceitando projetos de produtores sem grandes ambições.

Estadão
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