Globo, 60 anos: o fundador Roberto Marinho fez mais pelo Brasil do que muitos presidentes i5922
Emissora chega a aniversário especial sob o desafio de renovar seu público, minimizar os efeitos da concorrência digital e gerar lucro 1y6p3b
Sessenta e 60. A dezena possui dupla importância à Globo neste 26 de abril, 116º dia do ano. Há exatos 60 anos, Roberto Marinho, com 60 anos de idade naquela segunda-feira, lançou a maior ousadia de sua carreira: inaugurou a TV Globo. 4h352y
Ao longo destes 21.915 dias, a emissora ajudou a mudar o Brasil. Entre erros e acertos, retrocessos e vanguardismos, expandiu o País e a imaginação de seu povo por meio dos telejornais, das novelas e de transmissões de grandes eventos.
Brasileiros de diferentes origens e conjunturas aram a se ver na telinha. Primeiramente em preto e branco; depois, em cores. Os infinitos tons de um povo que assistiu pela Globo à decretação do AI-5, a chegada do homem à lua, o tricampeonato da Seleção na Copa de 70, o Movimento pelas Diretas Já, o nascimento da Constituição de 1988, o histórico debate presidencial entre Collor e Lula, o fim trágico de Ayrton Senna.
E também a queda do Muro de Berlim, a ascensão econômica do pobre a partir do Plano Real, a esquerda no poder pelas urnas, os escândalos de corrupção, as manifestações de rua de 2013, o vexame do 7 a 1 para a Alemanha, a escalada da direita e o nascimento do bolsonarismo, a catástrofe da pandemia de covid-19.
As imagens transmitidas pela Globo suscitaram riso e choro, raiva e medo, orgulho e vergonha, esperança e desamparo. Na realidade e na ficção, a emissora fez o cidadão se posicionar. Trouxe o mundo para a sala da família brasileira. Serviu de babá para crianças, companhia aos solitários, professora a diferentes gerações.
Teve papel valioso ao conscientizar os telespectadores sobre direitos, suscitar debates que resultaram em transformações sociais, propor o combate a preconceitos, rever sua participação na ditadura militar com a issão de erros e, mais recentemente, refletir a diversidade étnica desta gente que ama sentar – no sofá, na poltrona, na rede, no chão – diante da TV.
Reinou absoluta até surgirem concorrentes capazes de ofuscá-la: canais pagos, o YouTube, as redes sociais, as plataformas de streaming. No Ibope, ainda é líder, mas perdeu a fidelidade de parte numerosa do público.
Vai acabar? Falir? Não, definitivamente. Deverá perder, ano após ano, parte do glamour e da influência, porém, continuará relevante. Não há X e TikTok que consiga levar mensagens tão longe – aos confins desconhecidos desta nação continental – quanto a velha televisão. Amada e odiada, a potente Globo interliga 211 milhões de brasileiros.
“Espero vocês no meu centenário”, avisou Roberto Marinho ao completar 90 anos. A previsão não se cumpriu: ele morreu aos 98. Mas a obra lançada por seu pai, Irineu Marinho, inicialmente com o jornal ‘O Globo’, completa 100 anos em 2025.
Cabe à TV Globo honrar seu fundador e continuar o legado herdado dele até brindar o aniversário de 1 século. ‘Tim-tim’, ou melhor, ‘Plim Plim’. Senhora Globo, parabéns, obrigado e vida longa.
