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Carrefour dá adeus à Bolsa brasileira após oito anos com valor de mercado 44% menor 152a2j

Saída discreta da B3 após IPO bilionário em 2017 encerra agem marcada por desafios operacionais e expectativas não cumpridas; empresa diz buscar simplificar operação e acelerar decisões estratégicas 614e2

30 mai 2025 - 11h01
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O Carrefour Brasil dá adeus à Bolsa brasileira nesta sexta-feira, 30, após uma agem de oito anos marcada por desafios operacionais, expectativas não cumpridas e uma perda superior a 40% em valor de mercado. A decisão foi da matriz sa, que já detinha 70% das ações e agora compra a fatia restante para simplificar a operação e acelerar decisões estratégicas. 544x3w

A estreia do grupo no mercado de capitais brasileiro, em 2017, chamou atenção. Com uma oferta pública inicial (IPO) de R$ 5,125 bilhões — o maior desde 2013 —, o Carrefour chegava com planos ambiciosos de digitalização e consolidação. A força do Atacadão, seu braço de atacarejo (cash&carry, no termo em inglês), era considerado o trunfo da empresa e sustentava a imagem da nova protagonista do varejo alimentar.

Nesse sentido, o fundador da consultoria BTR Retail, Eduardo Terra, explica que, especialmente após a aquisição do Atacadão, a operação brasileira se tornou muito relevante em tamanho, crescimento e geração de negócios para a matriz sa. "A abertura do capital se deu justamente para financiar essa expansão na época, tanto do modelo Atacadão quanto da digitalização, que está feita. O objetivo da abertura de capital lá atrás foi cumprido", pondera.

A ação entrou na B3 negociada a R$ 15, e em abril de 2022, chegou a máxima histórica de R$ 23,17. O pico refletia um cenário favorável para o atacarejo, impulsionado por inflação elevada e perda do poder de compra, que levou grande parte dos consumidores a migrar para formatos de compra mais baratos.

Contudo, o entusiasmo não durou. Ainda que o discurso da matriz aponte para eficiência e agilidade, o fraco desempenho das ações já vinha, na prática, empurrando o Carrefour para fora do radar dos investidores. Hoje, o papel deixa a B3 com valor de mercado de R$ 17,8 bilhões, com a ação cotada a R$ 8,45 no fechamento de quinta-feira, 29, uma queda de 44% frente ao valor da oferta inicial.

Obstáculos 3f3d27

A derrocada do papel na Bolsa foi puxada por uma combinação de fatores operacionais e estratégicos. A aquisição do Grupo BIG (ex-Walmart Brasil), anunciada em 2021 por R$ 7,5 bilhões, empolgou o mercado inicialmente, mas a integração se mostrou lenta, custosa e complexa. A companhia estimava concluir o processo em cerca de 18 meses, mas enfrentou dificuldades com a conversão de 129 lojas de grande porte, além do fechamento ou venda de outras 123 unidades consideradas estruturalmente inviáveis.

O esforço consumiu tempo, recursos e afetou os resultados financeiros: no primeiro trimestre de 2023, o Carrefour Brasil registrou o primeiro prejuízo desde o IPO, de R$ 375 milhões, e ainda viu sua margem Ebitda cair de 4,4% para 2,1%. Na época, a analista da XP Investimentos, Danniela Eiger, disse que o resultado refletiu pressão de rentabilidade das conversões e legados do BIG, além de maiores despesas financeiras decorrentes do endividamento da empresa com a alta de juros.

Sendo assim, as margens do Carrefour começaram a reduzir sequencialmente diante da crescente inflação de alimentos e maior concorrência. O Assaí, desmembrado do Grupo Pão de Açúcar (GPA), acelerava sua expansão e o próprio GPA começava a se reposicionar no segmento . Foi então em meados de 2022 que os resultados do Carrefour Brasil aram a decepcionar e as ações começaram a cair.

A companhia parecia "travada", com uma operação robusta, mas dificuldade de se adaptar com a mesma velocidade dos concorrentes. Para a equipe de analistas do JPMorgan, chefiada por Joseph Giordano, a empresa acumulou "falhas operacionais" ao longo dos últimos anos e entrou em um ciclo de "visibilidade embaçada" com a integração do BIG.

Já no final de 2024, o Carrefour também enfrentou uma crise após o presidente global do Grupo, Alexandre Bompard, anunciar que não compraria mais proteínas provenientes de países do Mercosul, alegando que não atendia às normas sanitárias sas. Os frigoríficos brasileiros, então, aram a boicotar o fornecimento de carnes para as unidades da rede em todo o território nacional. A turbulência se estendeu e exigiu até mesmo que o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, se reunisse com autoridades do Ministério da Agricultura para tratar do imbróglio.

Ainda na ocasião, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, avaliou que a crise entre a indústria de carnes e o Carrefour era uma questão que refletia mais na imagem do agronegócio brasileiro do que em impactos comerciais. No fim, Bompard recuou, enviando uma carta de retratação ao ministro Carlos Fávaro em que constava a menção de que a carne brasileira atende às normas sanitárias e aos padrões exigidos pela França.

Estadão
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