Taxação de Trump a filmes estrangeiros pode impedir novo Oscar brasileiro? 4g1t1h
Filmes de grande repercussão como 'Ainda Estou Aqu' e 'Cidade de Deus' tiveram boas bilheterias nos EUA, mas isso não é regra 5v617
Trump propôs taxação de 100% para filmes estrangeiros nos EUA, gerando incertezas sobre impactos no cinema brasileiro, mas especialistas acreditam em efeitos limitados devido ao já mercado para produções internacionais.
No início desta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou mais um alvo de sua política de taxação. Desta vez, os filmes feitos fora dos EUA estariam na mira do republicano, que disse ter autorizado a instituição de uma tarifa de 100% "sobre todos os filmes que chegam ao nosso país e que são produzidos em terras estrangeiras". 2o1i6r
O anúncio foi feito por Trump por meio de uma rede social, sem maiores detalhes. Para os atores da indústria cinematográfica, restou a incerteza do que virá. A princípio, porém, caso produções brasileiras percam espaço no mercado norte-americano, o efeito não deve ser tão devastador.
Ao menos essa é a opinião de Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes, produtora de sucessos de bilheteria como Cidade de Deus. Ele explica que o público dos EUA já costuma ser fechado para produções estrangeiras, mas, quando um filme fura a bolha por lá, a exemplo do próprio Cidade de Deus, em 2002, e de Ainda Estou Aqui, neste ano, as bilheterias tendem a ser bem relevantes.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
"Mas é muito raro isso acontecer fora dos filmes que são indicados ou premiados em grandes festivais", afirma.
Barcellos se mostrou otimista com relação ao anúncio de taxação. Como Trump não deu mais detalhes sobre como isso deve ocorrer, ele espera que não venha a afetar o cinema estrangeiro como um todo.
"Na minha opinião, o objetivo do Trump com essa medida é fazer com que filmes americanos, falados em inglês, que a história se a nos Estados Unidos mas que acabam sendo filmados em outros países por razões econômicas, sejam obrigatoriamente realizados em território americano", avalia.
Atualmente, ele explica que as produtoras brasileiras trabalham com agentes de vendas especializados, com rede de contatos com distribuidores em diversos territórios, incluindo os EUA. "Esses distribuidores adquirem os direitos de exibição para cinemas, TV, streaming, etc. Hoje, não há imposto cobrado".
No entanto, se a projeção de Barcellos estiver errada e, sim, todos os filmes estrangeiros forem taxados, ele diz que o custo da produção acabaria subindo muito. No final das contas, esses filmes não conseguiriam ser transmitidos nos EUA.
Veja o post em que Trump diz querer salvar Hollywood:
The Movie Industry in America is DYING a very fast death. Other Countries are offering all sorts of incentives to draw our filmmakers and studios away from the United States. Hollywood, and many other areas within the U.S.A., are being devastated. This is a concerted effort by…
— Donald J. Trump Posts From His Truth Social (@TrumpDailyPosts) May 4, 2025
A taxação deve afetar o Oscar? 2a123j
Nas regras do Oscar deste ano, em que Ainda Estou Aqui levou a estatueta de Melhor Filme Internacional, a Academia estabeleceu a seguinte regra: "Para que os filmes cumpram mais facilmente os requisitos cinematográficos previstos, a Academia permitirá que sejam qualificados fora do país de origem, desde que exibidos fora do território dos Estados Unidos por sete dias consecutivos ao menos, em um cinema comercial com entrada paga."
Ou seja, não é preciso que um filme estrangeiro tenha ido ao ar nos EUA para participar do Oscar. Ainda assim, Barcellos afirma que, caso ocorra, a taxação de Trump pode causar uma retração geral no setor de cinema, diminuindo a quantidade de produções.
O CEO da O2 Filmes reforça ainda que, em sua visão, é impossível frear a ascensão do cinema feito fora de Hollywood.
"Graças às plataformas de streaming, o mundo, incluindo os americanos, aprendeu e se habituou a assistir produções de diversos países em diversos idiomas, seja dublado ou legendado. Essa é uma tendência irreversível, pois quanto mais local o conteúdo, mais global ele é. As pessoas têm curiosidade para saber como é a vida em lugares diferentes dos delas", afirma.