Script = https://s1.trrsf.com/update-1747831508/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Litígios com arbitragem no Brasil enfrentam obstáculos e revelam fragilidades 4y2h24

Acordos recentes revelam problemas e lentidão nas Câmaras de Arbitragem no Brasil 1h2460

21 mai 2025 - 06h19
(atualizado às 10h41)
Compartilhar
Exibir comentários
Foto: Freepik

Ao longo do litígio, surgiram diversas acusações. A J&F denunciou espionagem de e-mails e conflito de interesse de um árbitro, fatos confirmados pela Polícia Federal. A sentença parcial favorável à Paper acabou anulada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que ainda apontou possível violação da Lei de Terras, já que a venda transferiria área rural a empresa estrangeira sem aval do Congresso. Em março de 2025, o mesmo TJSP revisou decisões anteriores e deu ganho de causa à J&F, acelerando a costura do acordo agora celebrado.

Na opinião de especialistas no tema, o episódio jogou luz sobre fragilidades do modelo e a necessidade de aprimoramento: a falta de transparência que impede escrutínio público e a excessiva lentidão para formar tribunais, produzir provas e proferir decisões. Não por acaso, voltou ao debate o Projeto de Lei 3293/2021, que pretende reformar a Lei 9.307/1996, com medidas para aumentar o controle sobre a atuação dos árbitros. Ele propõe obrigar árbitros a divulgar potenciais conflitos de interesse, retirar o sigilo de ações de anulação e divulgar os dados ao fim dos processos, com o objetivo de tornar os procedimentos mais transparentes e alinhados a boas práticas internacionais.

O texto divide opiniões. Defensores argumentam que medidas de disclosure aproximam o Brasil de boas práticas internacionais. Críticos, como o advogado Flávio Yarshell, do Yarshell Advogados, alertam que alterar pilares como a autonomia das partes pode trazer mais riscos que benefícios. “A proposta enfraquece a arbitragem ao mexer em pilares como a autonomia das partes. Em vez de resolver problemas, pode gerar ainda mais insegurança”, diz.

O caso Golden Laghetto

Transparência e prazo, porém, não são problemas s a casos bilionários. A saga do resort Golden Laghetto, na Serra Gaúcha, revela impactos diretos no bolso de pequenos e médios investidores. Em 2021, a securitizadora Fortesec estruturou R$ 150 milhões em CRIs para financiar o empreendimento, com pagamentos garantidos por recebíveis de vendas dos quartos. Dívidas crescentes levaram ao desvio de mais de R$ 50 milhões, segundo cotistas, e a arbitragem aberta para cobrar os valores já se arrasta há dois anos sem decisão.

“A gente entrou na arbitragem esperando um desfecho rápido. Já são dois anos de silêncio e prejuízo crescente”, relata um investidor, que pediu anonimato. “Esses títulos foram vendidos como de baixo risco, mas estamos arcando com perdas que não estavam no radar de ninguém.”

Embora o mecanismo de arbitragem seja visto como mais ágil que o Judiciário — quando litígios podem levar mais de uma década —, a realidade nem sempre confirma essa vantagem.

“É comum que uma arbitragem leve de 18 a 19 meses. Em disputas mais complexas, esse prazo pode ultraar três anos”, explica Ricardo Ranzolin, sócio do Silveiro Advogados. “Já tive caso que demorou um ano e meio só para formar o tribunal arbitral, por causa de conflitos e número de partes envolvidas.”

Mesmo quem defende o sistema ite a necessidade de ajustes. O advogado Ricardo Ranzolin calcula que litígios empresariais complexos levariam 15 anos no Judiciário, contra três na arbitragem, mas reconhece que a imagem de agilidade perde força quando disputas am de quatro anos. "Precisamos de mecanismos para coibir manobras protelatórias sem ferir o devido processo", diz.

Enquanto o Projeto de Lei 3293/2021 tenta dar resposta a uma parte desses problemas, o tempo continua sendo um dos principais obstáculos e motivos de críticas de quem confia na arbitragem para resolver conflitos empresariais.

Homework Homework
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade