Moraes ameaça prender Aldo Rebelo por conduta durante depoimento ao STF 4j69d
Durante audiência nesta sexta-feira (23), no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes interrompeu o depoimento do ex-ministro Aldo Rebelo e ameaçou prendê-lo por desacato. A sessão faz parte da ação que apura uma tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. 3s3q5l
Chamado como testemunha de defesa, Rebelo foi interrogado sobre uma possível oferta de apoio militar ao Executivo feita pelo almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha. A resposta do ex-ministro, ao abordar o sentido figurado de expressões usadas em português, irritou o magistrado.
"É preciso levar em conta que na língua portuguesa nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que 'estou frito' não significa que está dentro de uma frigideira, quando diz que 'está apertado' não significa que está submetido a uma pressão literal. Quando alguém diz estou a disposição, a expressão não precisa ser lida literalmente", disse Rebelo.
Confronto com Moraes em plenário f26
A tentativa de relativizar a fala do almirante levou Moraes a interromper o depoente. "O senhor estava na reunião quando o almirante Garnier disse a expressão? Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos", afirmou Moraes.
A resposta foi direta: "Em primeiro lugar a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não ito censura".
O ministro então elevou o tom: "Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato". Ao que Rebelo respondeu: "Estou me comportando". Moraes encerrou o ime com: "Então se comporte e responda à pergunta".
Qual o papel dos militares na crise institucional? 254zc
O depoimento ocorreu durante a fase de defesa dos réus Alexandre Ramagem e Walter Souza Braga Netto, ambos integrantes do governo anterior. A oitiva faz parte da investigação conduzida pela Primeira Turma do STF, que busca esclarecer se houve articulação militar para impedir a transição de governo após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Desde segunda-feira (19), foram ouvidas testemunhas convocadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Entre elas, estão o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e o ex-chefe da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior.
Os depoimentos reforçam a suspeita de que havia um plano para manter Bolsonaro no poder mesmo com o resultado desfavorável nas urnas.
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