Como foram os bastidores do conclave que elegeu Francisco? 2f1g2y
Jorge Bergoglio foi escolhido após renúncia de Bento 16 165r6j
O conclave de 2013, realizado após a renúncia de Bento 16, elegeu o argentino Jorge Bergoglio como Papa Francisco, marcando uma ruptura histórica e uma escolha voltada à simplicidade, compromisso com os pobres e renovação da Igreja Católica.
O conclave que elegeu o papa Francisco em 2013 foi marcado por eventos inéditos na história recente da Igreja Católica. Tanto que poucos previam que Jorge Bergoglio, que morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos após um período de internação por bronquite e pneumonia, se tornaria papa. 1i4g2t
Aquele havia sido o primeiro conclave em mais de seis séculos realizado após a renúncia de um papa. Bento 16 deixou o posto em 28 de fevereiro de 2013, justificando, em sua declaração de renúncia, que sua idade avançada já não lhe permitia exercer adequadamente o pontificado. A saída do alemão, considerado um dos maiores teólogos da história, pegou os cardeais de surpresa.
No conclave realizado após sua renúncia, o escolhido para o posto mais alto da instituição foi um jesuíta latino-americano. Como a renúncia não estava prevista por ninguém, houve pouco tempo para articulações políticas internas.
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O jornalista irlandês Gerard O'Connell, que há 20 anos cobre o Vaticano e conhecia o argentino muito antes de ele se tornar pontífice, acertou o resultado. À BBC, ele lembrou, em entrevista realizada em 2019, de que os favoritos eram os cardeais Angelo Scola, da Itália; Marc Ouellet, do Canadá; e Odilo Scherer, do Brasil. Mas entre os eleitores havia a percepção de que esses nomes não representavam a renovação necessária para a Igreja.
O nome de Bergoglio ganhou força, especialmente, entre os cardeais que participaram do conclave de 2005 e era conhecido como um homem simples, espiritual, comprometido com os pobres e com uma atuação destacada nas periferias de Buenos Aires.
"Quando os cardeais se reuniram para eleger o novo papa, tentaram entender o pano de fundo dos escândalos que vieram à tona durante o pontificado de Bento 16. Vários cardeais perceberam que os escândalos eram principalmente relacionados aos italianos, então, concluíram que um candidato que não fosse poderia ser mais indicado para resolver esses problemas", declarou o jornalista.
Na primeira votação, Scola não conseguiu reunir a quantidade de votos esperada. Muitos desconfiavam de sua proximidade com movimentos conservadores italianos e de sua proximidade de Bento 16, o que não acarretaria numa ruptura desejada por parte da instituição.
No segundo dia, Bergoglio ou à frente com 26 votos, enquanto Scola teve 30, o que chamou a atenção dos indecisos, que aram a enxergar no argentino um possível sinal de mudança providencial. O’Connell explicou à BBC que, para muitos cardeais, esse crescimento era interpretado como um sinal divino.
Já Bergoglio nunca pensou que seria papa. "Havia comprado uma agem de avião para voltar a Buenos Aires e preparado a homilia para a missa da Quinta-Feira Santa, por isso estava tranquilo. Só percebeu que poderia se tornar papa após a terceira votação", disse O'Connell.
A escolha não foi consenso absoluto. Alguns cardeais resistiam à sua eleição por discordarem de seu estilo de vida austero, sua defesa firme dos pobres e seu incentivo à atuação missionária nas periferias. Segundo o jornalista, parte da oposição chegou a divulgar informações falsas para tentar barrar sua ascensão ao papado.
Ainda assim, Bergoglio foi eleito após cinco votações, obtendo 85 votos dos 115 cardeais presentes. Segundo as regras do conclave, eram necessários dois terços para a escolha ser validada. Scola terminou com 20 votos e Ouellet com 8. A eleição foi anunciada oficialmente às 20h14 (horário de Roma) do dia 13 de março de 2013, com a tradicional frase em latim Habemus Papam, pronunciada pelo cardeal Jean-Louis Tauran.
O novo papa apareceu então na sacada da Basílica de São Pedro para saudar os fiéis pela primeira vez como Francisco, nome escolhido por sua iração por São Francisco de Assis e que simbolizava uma intenção de promover uma Igreja mais humilde, voltada aos pobres e ao diálogo com os marginalizados.