Eleição presidencial na Romênia testa influência russa na União Europeia y4d6s
Cinco meses após a anulação do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais na Romênia, após denúncias de interferência da Rússia na campanha, os romenos voltam às urnas para escolher seu presidente neste domingo (4). O clima eleitoral continua tenso no país europeu, devido a uma possível nova vitória do candidato da extrema direita, um irador de Donald Trump. 1h71
Cinco meses após a anulação do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais na Romênia, após denúncias de interferência da Rússia na campanha, os romenos voltam às urnas para escolher seu presidente neste domingo (4). O clima eleitoral continua tenso no país europeu, devido a uma possível nova vitória do candidato da extrema direita, um irador de Donald Trump. 686a2
As novas eleições na Romênia foram convocadas depois que um candidato de extrema direita desconhecido, Calin Georgescu, crítico da União Europeia e da Otan, venceu o primeiro turno no final de novembro ado. O Tribunal Constitucional do país invalidou a votação e impediu Georgescu de se reapresentar, em razão de suspeitas de interferência russa no processo eleitoral. Os serviços de inteligência romenos constataram uma ampla campanha de desinformação no TikTok favorável ao então candidato, alimentada com centenas de perfis falsos.
Apesar das advertências das forças democráticas e dos serviços de inteligência, o candidato substituto do partido de extrema direita AUR (Aliança para a Unificação dos Romenos) que concorre desta vez, George Simion, de 38 anos, também lidera a disputa, com pelo menos 30% das intenções de voto no primeiro turno. Simion, um torcedor de futebol fanático e irador do norte-americano Donald Trump, está à frente dos demais 10 candidatos - apenas duas são mulheres. Ele foi convidado para a posse do presidente americano em janeiro.
Bem atrás do populista de extrema direita, de acordo com as últimas pesquisas — que são pouco confiáveis na Romênia — está Nicusor Dan, de 55 anos. Prefeito de Bucareste durante cinco anos, este matemático formado na França é um centrista pró-europeu e concorre como candidato independente, depois de ter sido um dos fundadores da União para Salvar a Romênia (USR). Dan deixou o movimento em 2017, após uma controvérsia sobre a definição do casamento como uma união heterossexual.
Em terceiro lugar, com cerca de 19% das intenções de voto, aparece o liberal Crin Antonescu, de 65 anos, candidato único da coligação no poder desde 2021, formada pelos sociais-democratas do PSD (Partido Social-Democrata) e os liberais do PNL (Partido Nacional Liberal). Também pró-europeu, mas afastado da vida política local depois de ter sido ministro em vários governos nos anos 2000, e até presidente interino do país durante um mês e meio, Antonescu ou os últimos dez anos em Bruxelas com sua esposa, a ex-comissária europeia Adina Valean.
Ausente dos debates na TV 441s15
Na reta final da campanha, Simion se recusou a enfrentar os adversários nos debates na TV, preferindo usar as redes sociais, principalmente o TikTok, muito popular entre os romenos, ou enviar cartas pelo correio aos eleitores mais velhos.
Em sua campanha, o populista denunciou a corrupção nos partidos tradicionais que se alternam no governo. Opositor à guerra na Ucrânia, Simion exige a anexação dos territórios de língua romena do sul da Ucrânia. Ele também é um feroz opositor do casamento entre pessoas do mesmo sexo e se declara antivacinas, encarnando, segundo cientistas políticos, o perfil típico do conspiracionista moderno.
O pleito na Romênia é considerado de extrema importância geopolítica para a União Europeia, pois testa a capacidade do bloco de permanecer unido diante das tentativas de desestabilização de Moscou e da imprevisibilidade do novo governo republicano nos Estados Unidos.
No final de abril, o governo francês revelou que o Serviço de Inteligência Militar russo (GRU) hackeou e-mails da equipe de campanha do presidente Emmanuel Macron durante a eleição de 2017.
Na Romênia, o presidente exerce um papel protocolar, mas tem poder de influência na política externa do país. O país é vizinho da Ucrânia, tem o ao Mar Negro e, em caso de vitória da extrema direita, poderia se alinhar aos interesses da Rússia nesse conflito e em outros temas envolvendo a segurança regional e internacional.
RFI e AFP