Script = https://s1.trrsf.com/update-1749152109/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Nem amor nem relações íntimas: o que está acontecendo com a geração Z? 2z415d

Pesquisa recente mostra que, no geral, brasileiros estão insatisfeitos com vida amorosa, e a geração Z parece ser a com mais queixas 5o1b4m

22 fev 2025 - 04h59
Compartilhar
Exibir comentários
Foto: Pixabay

Letícia, de 21 anos, se arruma para mais um primeiro encontro. Capricha na maquiagem, coloca um dos seus melhores vestidos, pensa nos órios e em coisas para dizer caso o assunto acabe. Sai de casa por volta das 20h, sem hora para voltar, mas, perto das 22h30, já não aguenta mais. 4j1a1m

Henrique, também de 21, do outro lado da mesa, até achou a jovem bonita e interessante, mas esperava sentir algo mais imediato. Ele também se preparou com cuidado para a noite, no entanto, já quer ir embora e sente que todos os encontros ultimamente são só isso: muita expectativa e pouca entrega. Letícia e Henrique queriam que a vida amorosa deles desse certo, mas algo sempre parece atrapalhar o processo, e eles não sabem exatamente o que é.

Os jovens, ambos da geração Z, porém, não estão sozinhos em sua agonia. Uma pesquisa realizada pelo Survey Center on American Life em 2024 descobriu que 56% dos adultos da geração Z disseram ter se envolvido em um relacionamento romântico em algum momento da adolescência. Isso representa uma mudança notável em relação às gerações anteriores, quando o namoro entre adolescentes era muito mais comum. Mais de três quartos dos baby boomers (78%) e da geração X (76%) relataram ter tido um namorado ou namorada durante a adolescência.

Atualmente, 44% dos homens da geração Z dizem não ter tido nenhuma experiência de relacionamento durante a adolescência — o dobro da taxa observada entre os homens mais velhos.

Já as mulheres também têm se relacionado menos segundo tendências de relacionamento, mas por um motivo bem específico. A pesquisa realizada pelo aplicativo de namoro Bumble, que entrevistou mais de 40 mil pessoas, entre elas muitas da geração Z, revela que jovens mulheres estão se tornando mais assertivas em relação ao que desejam e menos dispostas a fazer concessões indesejadas. Além disso, 52% delas se consideram românticas, e 37% afirmam que a falta de romance impacta negativamente suas vidas amorosas. 

Foto: Pixabay

Vida amorosa dos brasileiros 2u4e4p

Quando juntamos ambos os gêneros, neste aspecto, temos o Brasil como o País com a população menos satisfeita com a vida amorosa e sexual entre latino-americanos. A nova pesquisa global do Instituto Ipsos, Love Life Satisfaction (Satisfação com a vida amorosa) de 2025, que apresenta dados sobre o quão satisfeitas as pessoas estão com o amor, vida sexual e relacionamentos, mostrou que, embora os brasileiros estejam se sentindo mais amados em comparação com o resultado de 2024, o Brasil é o País que está mais abaixo no Love Life Satisfaction Index* entre os latino-americanos. 

A pesquisa ainda apontou que a geração Z é a que menos se sente amada e a segunda mais insatisfeita com a vida amorosa e sexual (atrás apenas dos baby boomers). O resultado impressiona, considerando que especialistas esperavam que os jovens estivessem mais felizes e bem resolvidos do que a população mais velha, considerando todo progresso social.

Porém, em entrevista ao Terra, o porta-voz Rafael Lindemeyer, diretor de clientes na Ipsos, afirmou que a economia também desempenha um papel fundamental na confiança e segurança dos brasileiros, impactando diretamente suas relações.

"Tivemos um ano de 2024 como uma economia se fortalecendo, maior índice de empregos, crescimento econômico – fatores que deixam os brasileiros mais confiantes, mais seguros, consequentemente mais capazes de desfrutar suas relações", afirma Lindemeyer. Esse fator pode explicar o porquê dos mais jovens, e consequentemente ainda não tão estáveis, possam estar sofrendo para se relacionar.

Além disso, a relação entre renda, nível educacional e satisfação amorosa é evidente. Lindemeyer explica que há uma trajetória de construção ao longo da vida, na qual a independência financeira e o amadurecimento auxiliam na qualidade dos relacionamentos. "Vamos construindo relacionamento, conquista independência financeira ao longo do tempo, entre outros fatores, que auxiliam nas relações", ressalta.

"Pessoas mais jovens estão iniciando uma vida a dois, uma vida de descobertas e sonhos, construindo essa relação. Se imaginamos a média de separações em 15 anos, é na faixa etária entre 40-50 anos que se a por decepções e é preciso tempo para se reencontrar e recomeçar", explica Lindemeyer. Aos 50 anos, há um novo momento, com mais maturidade, experiência e segurança financeira, permitindo que novos relacionamentos surjam com expectativas e elementos distintos dos jovens.

Geração conectada 6k149

Foto: Pixabay

Para Ana Carolina Figueiredo Peixoto, psicóloga e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essa geração cresceu completamente conectada, o que impacta sua forma de interagir e se relacionar.

"A busca constante por gratificação instantânea dificulta a construção de relações profundas e significativas", afirma. Além disso, a exposição a redes sociais e aplicativos de namoro contribui para a superficialidade dos relacionamentos e a frustração diante de expectativas irreais.

O uso intenso de tecnologia redefiniu a dinâmica social, tornando as interações mais rápidas e menos pessoais. "Os jovens se encontram menos, falam menos ao telefone e constroem vínculos por meio de mensagens curtas", observa. Essa nova forma de comunicação impacta diretamente a maneira como percebem o amor e o sexo, priorizando a praticidade em detrimento da profundidade emocional.

Fatores como ansiedade e depressão também desempenham um papel significativo na redução do interesse por relacionamentos e sexo. "A ansiedade intensifica o medo do julgamento social, enquanto a depressão provoca apatia e isolamento", explica a psicóloga. Como consequência, muitos jovens priorizam o autocuidado e evitam relações para preservar seu bem-estar mental.

Outro aspecto relevante é a valorização da individualidade e da liberdade pessoal. Ana Carolina destaca que a geração Z questiona os modelos tradicionais de relacionamento e prefere explorar novas formas de conexão. "Muitos jovens optam por relacionamentos casuais ou por permanecer solteiros, buscando autonomia e flexibilidade", pontua.

A conscientização sobre consentimento e saúde sexual também tem impacto na forma como a geração Z vivencia o sexo. "Eles priorizam o respeito aos limites, a comunicação clara e a responsabilidade", destaca a especialista. 

Novas dinâmicas de relacionamento 4o622y

Foto: Pixabay

Para Tamara Zanotelli, sexóloga e terapeuta sexual, tais mudanças nas atitudes sociais e a valorização do consentimento, como mencionadas por Ana Carolina, transformaram a dinâmica dos relacionamentos. "Embora seja positivo que os jovens tenham mais consciência sobre consentimento e comunicação, isso também gerou inseguranças sobre como se envolver afetivamente", analisa.

Fatores econômicos também pesam na equação. "A instabilidade financeira faz com que muitos jovens priorizem suas carreiras e sua independência, adiando ou evitando compromissos amorosos mais sérios", reforça Tamara. "A busca por estabilidade financeira e crescimento profissional faz com que muitos jovens posterguem compromissos duradouros", complementa.

A sexóloga também aponta para a influência da pornografia e da cultura digital na construção das expectativas sexuais. "O o facilitado a conteúdos pornográficos tem moldado a visão dos jovens sobre sexo, muitas vezes criando padrões irreais de desempenho e aparência", alerta.

Além disso, os aplicativos de namoro, que privilegiam interações rápidas e superficiais, pode contribuir para a dificuldade em estabelecer relações mais profundas. "A exposição a conteúdos pornográficos cria padrões irreais, reduzindo a valorização de conexões emocionais genuínas", alerta a psicóloga. 

Em conclusão, as profissionais afirmam que a crescente valorização da individualidade e da liberdade tem levado os jovens a repensar os modelos tradicionais de relacionamento. "Muitos optam por explorar conexões mais flexíveis ou simplesmente priorizar seu autoconhecimento antes de se comprometerem com outra pessoa", conclui Tamara.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade