“Nunca fui presa”: falas de escritora causam mal-estar em feira literária de MG 4h656a
Organização do Flipoços declarou que “repudia veementemente qualquer ato de racismo, discriminação ou preconceito” 3bw2q
Convidada pelo Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), a escritora Camila Panizzi Luz associou literatura marginal à prisão e fala foi interpretada como preconceituosa. Ela também se envolveu em discussão com livreiro.
Declarações da escritora Camila Panizzi Luz em uma palestra e, depois, a um livreiro, foram interpretadas como preconceituosas no Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), ontem (29/04). 68455j
Durante a tarde, a escritora fazia palestra sobre seus livros, quando resolveu chamar ao palco o escritor Wesley Barbosa. Ele participa da Flipoços como editor, vendendo os livros de sua editora, a Barraco Editorial, no estande do Coletivo Neomarginal.
Ao subir no palco, o escritor começou a se apresentar, mas foi interrompido pela escritora. “Como que faz para ser neomarginal? Eu quero ser uma neomarginal gente, olha que tudo. Camila Luz, neomarginal, nunca fui presa”.
“Também nunca fui preso”, escreveu Barbosa na legenda do vídeo com a fala da escritora, postado em rede social. “Achei que era para falar da minha trajetória, toda hora ela me interrompia e soltou essa pérola. A pessoa fala que vai te dar espaço e você é humilhado”, disse o escritor ao Visão do Corre.
“Não imaginei que pudesse gerar desconforto, e por isso, peço desculpas a quem se sentiu ofendido. Sempre procuro amplificar vozes que nem sempre têm espaço, e continuo aprendendo com cada experiência”, declarou a escritora.
Desentendimento com livreiro da Flipoços 1c3248
Após a palestra, no início da noite Camila Panizzi Luz se envolveu em uma discussão com um livreiro. O comerciante prefere não se identificar porque teme ser prejudicado. Segundo ele, a escritora o teria ofendido por seu peso e feito referência ao tamanho do seu órgão genital. Em seguida, ela chamou os seguranças.
“Ela acha que pode mandar prender, soltar, porque o pai é embaixador”, disse o livreiro – conforme informação do Ministério das Relações Exteriores, o pai da escritora, Francisco Carlos Soares Luz, comanda a diplomacia brasileira na Bolívia.
Segundo a escritora, a discussão com o livreiro “foi, sem dúvida, um dos momentos mais difíceis que vivi recentemente. Reconheço que reagi de forma impulsiva, e isso é algo que venho tentando trabalhar”. Ela disse que o livreiro foi agressivo.
Gisele Corrêa Ferreira, curadora da Flipoços, que completa 20 anos, disse que a organização do evento “repudia veementemente qualquer ato de racismo, discriminação ou preconceito” e que “qualquer declaração que não reflita o diálogo respeitoso, também não reflete nossa postura”.
Quem é a escritora e como chegou à Flipoços? 6k586l
Embora vivam no exterior, a família de Camila Panizzi Luz é de Poços de Caldas. A curadora da Flipoços conta que é amiga de longa data da mãe da escritora. “Ela falou que a filha estava com um livro para ser lançado, se teria jeito de fazer o lançamento. Falei claro, lógico, não vou falar não para uma amiga que está pedindo uma oportunidade para a filha.”
Questionada se isso representaria favorecimento, a curadora disse que “não tem nada de contraditório. Sou uma pessoa extremamente séria, ética, profissional, minha curadoria é impecável”. Em nota oficial, a Flipoços informou, sobre a curadoria, que o critério “foi o mesmo adotado no convite a todos os escritores”.
Camila Panizzi Luz e a mãe Ivana Panizzi participaram da mesa Raízes e Asas: Literatura e Artes Sem Fronteiras – O Encontro de Mãe e Filha na Terra Natal, na Flipoços, em 29 de abril, quarta-feira. A mãe lança o livro Traços do Tempo – Uma Jornada Abstrata pelo Mundo. A filha, Liderança Feminina Sem Fronteiras.