Kleber Mendonça e Wagner Moura são premiados em Cannes; iraniano Jafar Panahi conquista Palma de Ouro 4d2h6v
Ainda não foi desta vez que o Brasil rompeu um jejum de 63 anos e levou uma segunda Palma de Ouro no Festival de Cannes. A maior recompensa foi para o diretor iraniano dissidente Jafar Panahi. Mas o cinema do Brasil confirmou que está em alta. Kleber Mendonça Filho conquistou a palma de Melhor Direção e Wagner Moura a de Melhor Ator por "O Agente Secreto". 382k37
Ainda não foi desta vez que o Brasil rompeu um jejum de 63 anos e levou uma segunda Palma de Ouro no Festival de Cannes. A maior recompensa foi para o diretor iraniano dissidente Jafar Panahi. Mas o cinema do Brasil confirmou que está em alta. Kleber Mendonça Filho conquistou a palma de Melhor Direção e Wagner Moura a de Melhor Ator por "O Agente Secreto". f3171
Adriana Brandão, enviada especial da RFI a Cannes
Como na abertura, a cerimônia de encerramento do 78° Festival de Cinema de Cannes foi apresentada pelo ator francês Laurent Lafitte. A maioria dos filmes citados nas apostas dos críticos da imprensa especializada foram recompensados.
A Palma de Ouro premiou "Um Simples Acidente", do diretor iraniano dissidente Jafar Pahani, que foi calorosamente ovacionado pela sala. A recompensa foi entregue pela atriz Kate Blanchett que felicitou o Festival de Cannes por encorajar o debate político e o espaço criado para o diálogo cinematográfico.
O filme, rodado clandestinamente em Teerã, explora as consequências imprevisíveis de um acidente aparentemente trivial. "Um simples Acidente" denuncia o regime e suas prisões arbitrárias, abordando vontade de vingança e perdão. Panahi que ficou preso vários meses no Irã, pôde vir a Cannes pela primeira vez em 15 anos. Em seu discurso, disse "que ninguém deve dizer aos iranianos o que devem vestir ou fazer".
Brasil em alta 3r1l1h
O brasileiro "O Agente Secreto" era um dos favoritos dos críticos e saiu da cerimônia com dois prêmios. Wagner Moura conquistou a palma de melhor interpretação masculina. O ator brasileiro, muito elogiado por sua atuação, não estava presente e a recompensa, entregue por Rossy de Palma, foi recebida pelo cineasta Kleber Mendonça Filho. O diretor explicou que Wagner Moura não compareceu à entrega de prêmios porque está rodando um novo filme em Londres e que ele "não é apenas um ator excepcional, mas um ser humano singular".
O pernambucano recebeu das mãos do veterano Claude Lelouche o prêmio de melhor direção desta edição. Algumas vaias foram ouvidas no momento do anúncio, indicando um descontentamento de parte do público com o fato de "O Agente Secreto" não ter levado um prêmio mais importante.
Falando hora em francês, hora em inglês e hora em português, Kleber Mendonça Filho, em seu discurso de agradecimento, elogiou as "belezas do Brasil" e falou de seu "orgulho de estar em Cannes, catedral do cinema, para receber o prêmio". Por fim, enviou um abraço para as pessoas que estavam assistindo à premiação no Brasil, especialmente no Recife.
Mais cedo, "O Agente Secreto" já havia recebido dois prêmios em Cannes: o FIPRESCI, da crítica internacional e o "Art et Essai", dos exibidores independentes da França. "O Agente Secreto" se a em Recife em 1977 e explora as tensões políticas da época da Ditadura Militar Brasileira. Essa é a primeira colaboração entre Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura.
O Brasil estava em evidência este ano no Festival de Cannes. Além da presença na competição oficial, o país foi o convidado de honra do Mercado do Filme, o mais importante evento da indústria cinematográfica mundial.
Essa é a segunda vez que o Brasil vence o prêmio de Melhor Direção, depois de Glauber Rocha em 1969 com "Antonio das Mortes". É ainda a terceira vez que o país conquista uma Palma de Interpretação. Antes, Fernanda Torres havia recebido a recompensa por "Eu Sei que Vou te Amar (1986) e Sandra Corveloni, por Linha de e (2008).
Outros prêmios da noite 4n183j
O primeiro prêmio da noite recompensou o curta-metragem I'm Glad You're Dead", de Tawfeek Barhom. Em seguida, um momento inédito. Pela primeira vez um filme iraquiano "President's Cake", de Hassan Hadi, foi selecionado e recebeu um prêmio no festival. O longa, que competia na Quinzena dos Cineastas, conquistou o "Caméra d'Or", que recompensa um primeiro filme exibido em todas as mostras do Festival de Cannes.
O júri decidiu dar um prêmio especial para o chinês "Ressureição" do jovem Bi Gan. O filme "maravilhoso", segundo a presidente do júri Juliette Binoche. O longa entre sonho e realidade percorre um século e faz várias referências à história do cinema.
Os veteranos Jean-Pierre e Luc Dardenne receberam mais um prêmio no Festival. Eles levaram a palma de Melhor Roteiro pelo filme "Jeunes Mères". Os cineastas belgas agradeceram as cinco jovens atrizes que interpretam o filme. Essa foi a segunda palma de melhor roteiro que conquistaram. Eles também acumulam duas Palmas de Ouro, por "Rosetta" e "A Criança".
Prêmio do Júri recompensou dois concorrentes. Sirât, do espanhol Oliver Laxe, e Sound of Falling (Som da Queda) da alemã Mascha Schilinski,
Nadia Melliti, protagonista de "La Petite Dernière", recebeu a palma de melhor atriz. O longa é assinado pela atriz e diretora sa Hafsia Herzi.
"Sentimental Value", do norueguês Joachim Trier, venceu o Grande Prêmio do Júri. O longa, sobre a relação complexa entre um pai cineasta e suas duas filhas, era um dos grandes favoritos.
Os organizadores do Festival de Cannes já anunciaram a edição de 2026 que acontecerá de 12 a 23 de maio.