Mulheres atendem chamado de Michelle e comparecem a ato pró-Bolsonaro com batom em mãos
Bolsonaristas tornaram o ório um símbolo das manifestações pela anistia dos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro
Atendendo ao chamado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), boa parte das mulheres que compareceram ao ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo, 6, portam batons em mãos -- nem sempre vermelhos, já que algumas manifestantes disseram ter aversão à cor, que é usada no símbolo do Partido dos Trabalhadores (PT). Bolsonaristas tornaram o ório um símbolo das manifestações pela anistia dos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
"Tem que segurar para gente fazer o 'rolê' para a Débora Rodrigues. Que está solta, mas está com tornozeleira. Ou seja, não pode nem trabalhar direito, depois de dois anos presa, sem processo, né?", defende a aposentada Neuza de Almeida, de 73 anos, que viajou de Sorocaba para a capital paulista para participar da manifestação.
A mulher a quem Neuza se refere é a cabeleireira que ficou conhecida por pichar a frase "perdeu, mané" usando batom vermelho na estátua "A Justiça", em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ela está em prisão domiciliar desde o dia 28 de março, após o ministro Alexandre de Moraes aceitar relaxar a condenação de 14 anos por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe e outros três crimes.
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A estratégia dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como a adotada por Michelle em uma publicação de convocação de mulheres ao ato deste domingo, tem sido a de tornar a cabeleireira e o batom em um símbolo pela anistia.
Para a aposentada Neuza de Almeida, inclusive, nem há porquê ter anistia. "Não aconteceu nada. Nada aconteceu. Isso aí é tudo uma falcatrua", afirma. A mulher estava sozinha no ato deste domingo, tendo saído de sua cidade sem que o filho soubesse para não preocupá-lo, apesar dele também ser bolsonarista.
Ela diz que está representando a família e, principalmente, a neta, de 7 anos, que queria ir para a manifestação. "[Vai ter] mais de um milhão de pessoas aqui, mais de um milhão de pessoas, que é para esmagar essa bagaça aí desse povo que quer nos tripudiar. Não vai conseguir", projeta Neuza.