Milei chama sonegadores de 'heróis' e critica quem paga impostos 22502i
Durante entrevista a um programa de TV argentino, o presidente Javier Milei voltou a provocar polêmica ao defender medidas para facilitar a circulação de dólares não declarados no país. Em tom enfático, elogiou cidadãos que sonegaram impostos e criticou aqueles que seguiram a legislação tributária. 5y6i5z
Segundo Milei, quem "tentou se proteger dos políticos ladrões são heróis" e "quem cumpriu todas as regras [...] talvez não teve o talento ou a coragem para sair do sistema". A fala foi exibida na última segunda-feira (19), no programa "Otra Mañana", quando o jornalista Antonio Laje perguntou sobre os efeitos esperados do novo projeto econômico.
Milei defende quem dribla o fisco 556v6f
O presidente argentino também afirmou que "se todos tivessem conseguido fazer o mesmo [sonegar impostos], talvez os políticos tivessem parado de nos roubar". A declaração surge no momento em que o governo tenta aprovar medidas para liberar o uso de dólares guardados fora do sistema bancário, prática comum entre argentinos que recorrem ao mercado paralelo, conhecido como dólar blue, diante da inflação e da perda de valor do peso.
Milei atribuiu o comportamento à alta carga tributária disfarçada, segundo ele, pelo imposto inflacionário. "Mesmo com dinheiro declarado, o am para o setor informal para poder escapar das garras do Estado", justificou.
A proposta do governo é permitir que esse dinheiro seja usado para a compra de bens como imóveis, carros e eletrodomésticos, sem exigência de comprovação de origem. O ministro da Economia, Luis Caputo, disse que a intenção é liberar os recursos sem que "ninguém peça explicações".
Críticos da proposta alertam para o risco de que a medida acabe beneficiando recursos ilícitos, inclusive vindos do narcotráfico. Milei respondeu dizendo que esse tipo de questão deve ser enfrentado por outras pastas e não se deve utilizar a economia para combater o crime.
Na mesma entrevista, o presidente comparou sonegadores a fugitivos de regimes autoritários, dizendo que não se pode puni-los por escapar de um sistema injusto. "O senhor tem uma pessoa que está presa em Cuba e consegue escapar e chega a Miami, o senhor vai lá moer a pauladas em Miami porque escapou do regime castrista cubano?", questionou.
"Lamento por aquele que não pôde escapar [dos impostos], mas o outro não fez nada de errado. É uma declaração de inveja. Quem pôde se safar, genial, não tenho que castigá-lo porque pôde fugir do ladrão", completou.
Javier Milei calcula que há entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões escondidos nas casas dos argentinos — o que pode representar até dois terços do Produto Interno Bruto do país, estimado em US$ 600 bilhões. Para ele, permitir que esses valores entrem na economia formal pode acelerar o crescimento do país.