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Operação Teia de Aranha causa danos irreparáveis no arsenal estratégico de Putin 5h4r52

3 jun 2025 - 09h07
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Com a Operação Teia de Aranha, a Ucrânia diz ter atingido mais de 40 aeronaves em bases a milhares de quilômetros da fronteira. Ofensiva gerou perdas militares irreparáveis e deixou sabor de humilhação para Moscou.O 1194º dia da guerra de agressão russa provavelmente ficará como uma lembrança especial em Moscou e em Kiev. No domingo ado (01/06), o serviço secreto ucraniano deflagrou a Operação Teia de Aranha. A Ucrânia comemora ter atingido mais de 40 aeronaves militares russas - e também está concentrando sua atenção na segunda rodada de negociações diretas em Istambul, na Turquia. 1x3s57

O serviço de inteligência ucraniano SBU publicou vídeos mostrando alguns dos ataques
O serviço de inteligência ucraniano SBU publicou vídeos mostrando alguns dos ataques
Foto: DW / Deutsche Welle

O ataque surpresa de drones ucranianos que teve como alvo várias bases aéreas russas que abrigam bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear foi sem precedentes em seu escopo e sofisticação. Pela primeira vez, ataques ucranianos chegaram até a Sibéria, em um duro golpe para os militares russos.

A Ucrânia disse que mais de 40 bombardeiros, ou cerca de um terço da frota de bombardeiros estratégicos russos foram danificados ou destruídos no domingo, embora Moscou tenha dito que apenas alguns aviões foram atingidos. As alegações conflitantes não puderam ser verificadas de forma independente, e o vídeo do ataque publicado na mídia social mostrou apenas alguns bombardeiros atingidos.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que foram empregados 117 drones e "um número correspondente" de operadores de drones, afirmando que foram atingidos 34% dos bombardeiros estratégicos capazes de transportar mísseis de cruzeiro. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) avaliou os danos em 7 bilhões de dólares e publicou vídeos mostrando alguns dos ataques.

A audaciosa ofensiva demonstrou sobretudo a capacidade da Ucrânia de atingir alvos de alto valor em qualquer lugar da Rússia, desferindo um golpe humilhante no Kremlin e infligindo perdas significativas à máquina de guerra de Moscou.

Possível uso inédito de AI

"Vemos que esses drones provavelmente foram equipados com alguma forma de inteligência artificial (IA) e navegação autônoma. Talvez seja a primeira vez que vemos a IA em uma operação especial como essa, a longa distância", disse Kateryna Bondar, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington.

A missão também revelou grandes lacunas na defesa aérea russa: "Vemos aeronaves estacionadas em uma fileira que estão completamente desprotegidas, não há proteção eletrônica nem sistemas de defesa de drones", diz Bondar. "Essa é a única razão pela qual drones FPV simples conseguiram atacar alvos estratégicos tão importantes."

Enquanto alguns blogueiros militares russos compararam o ataque a outro infame ataque dominical surpresa - o ataque do Japão à base dos EUA em Pearl Harbor em 1941 - outros rejeitaram a analogia, argumentando que o dano real foi muito menos significativo do que a Ucrânia alegou.

Quais aviões de guerra foram atingidos

Há décadas, os bombardeiros de longo alcance fazem parte da tríade nuclear soviética e russa, que também inclui mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) terrestres e submarinos movidos a energia atômica que transportam esses mísseis. Os bombardeiros estratégicos realizaram patrulhas regulares em todo o mundo, demonstrando o poderio nuclear de Moscou.

Durante a guerra de três anos na Ucrânia, a Rússia usou os pesados aviões para lançar ondas de ataques com mísseis de cruzeiro em todo o país.

O Tupolev Tu-95, que recebeu da Otan o codinome Bear, é um avião turboélice de quatro motores projetado na década de 1950 para rivalizar com o bombardeiro americano B-52. A aeronave tem alcance intercontinental e carrega oito mísseis de cruzeiro de longo alcance que podem ser equipados com ogivas nucleares ou convencionais.

Antes de domingo, estimava-se que a Rússia tivesse uma frota de cerca de 60 aeronaves do tipo.

O Tupolev Tu-22M é um bombardeiro supersônico bimotor projetado na década de 1970 que recebeu da Otan o codinome Backfire. Ele tem um alcance menor em comparação com o Tu-95, mas durante as negociações de controle de armas entre os EUA e a União Soviética na década de 1970, Washington insistiu em contá-lo como parte do arsenal nuclear estratégico soviético devido à sua capacidade de atingir os EUA se reabastecido em voo.

A versão mais recente do avião, o Tu-22M3, carrega mísseis de cruzeiro Kh-22, que voam a mais de três vezes a velocidade do som. É datado da década de 1970, quando foi projetado pela União Soviética para atacar porta-aviões dos EUA. Ele tem um grande impacto, graças à sua velocidade supersônica e à capacidade de transportar 630 quilos de explosivos. Mas seu sistema de orientação desatualizado pode torná-lo altamente impreciso contra alvos terrestres, aumentando a possibilidade de danos colaterais.

Alguns Tu-22Ms foram perdidos em ataques ucranianos anteriores, e estima-se que a Rússia tinha entre 50 e 60 Tu-22M3s em serviço antes do ataque de drones de domingo.

A produção do Tu-95 e do Tu-22M terminou após o colapso da União Soviética em 1991, o que significa que qualquer um deles perdido no domingo não poderá ser substituído.

A Rússia também tem outro tipo de bombardeiro estratégico com capacidade nuclear, o supersônico Tu-160. Menos de 20 deles estão em serviço, e o país acaba de iniciar a produção de sua versão modernizada, com novos motores e equipamentos eletrônicos.

O A-50, que as autoridades ucranianas também disseram ter sido atingido nos ataques, é uma aeronave de alerta antecipado e controle, semelhante aos aviões Awacs dos EUA, usados para coordenar ataques aéreos. Apenas alguns desses aviões estão em serviço com os militares russos, e qualquer perda prejudica muito a capacidade militar da Rússia.

Reposição exigirá sacrifícios de Moscou

A Rússia perdeu uma parte significativa de sua frota de bombardeiros pesados no ataque "sem nenhuma capacidade imediata de substituí-la", disse Douglas Barrie do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, observando que o plano anunciado por Moscou para desenvolver a próxima geração de bombardeiros estratégicos ainda está em sua fase inicial.

"Ironicamente, isso pode dar um impulso a esse programa, porque quando se quer manter a frota de bombardeiros em tamanho adequado, há de se fazer algo em algum momento", disse ele.

De acordo com Bondar, os supostos bilhões em danos na pista de pouso não são o fator decisivo. "A Rússia terá que reconstruir sua indústria aeronáutica para compensar as perdas. Portanto, ela precisará de tempo e recursos para restaurar suas capacidades."

O especialista militar russo independente Nikolai Mitrokhin acredita que o setor de aviação da Rússia não está atualmente em condições de substituir as aeronaves perdidas.

Ele diz que ainda há bombardeiros em funcionamento suficientes para manter o bombardeio em massa da Ucrânia, ressalta, entretanto que "a cada ataque desse tipo - e esses ataques continuarão a ser realizados - o número dessas aeronaves será reduzido. E há o risco de que a Rússia fique sem essas aeronaves em algum momento".

Realocação de bombardeiros e proteção improvisada

Os repetidos ataques ucranianos à base aérea de Engels, a principal para bombardeiros estratégicos russos com capacidade nuclear, perto da cidade de Saratov, à margem do rio Volga, levaram Moscou a realocar os bombardeiros para outras bases mais distantes do conflito.

Uma delas foi Olenya, na península ártica de Kola, de onde Tu-95s voaram em várias missões para lançar mísseis de cruzeiro contra a Ucrânia. Vários bombardeiros em Olenya aparentemente foram atingidos pelos drones ucranianos no domingo, de acordo com analistas que estudaram imagens de satélite antes e depois do ataque.

A Ucrânia disse que 41 aeronaves - Tu-95s, Tu-22Ms e A-50s - foram danificadas ou destruídas no domingo no ataque que, segundo a Ucrânia, vinha sendo preparado há 18 meses, no qual enxames de drones saíram de contêineres carregados em caminhões que estavam estacionados perto de quatro bases aéreas.

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, foi informado sobre o ataque, que representou um nível de sofisticação que Washington nunca havia visto antes, disse uma autoridade sênior da defesa sob condição de anonimato.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que o ataque incendiou vários aviões de guerra em bases aéreas na região de Irkutsk, no leste da Sibéria, e na região de Murmansk, no norte, mas ressaltou que os incêndios foram extintos.

A pasta disse ainda que a Ucrânia também tentou atacar duas bases aéreas no oeste da Rússia, assim como outra na região de Amur, no Extremo Oriente da Rússia, mas que esses ataques foram repelidos.

Efeitos psicológicos

Marina Miron, do King's College de Londres, acredita que não se trata tanto das perdas materiais, mas sim do efeito psicológico. "A Ucrânia está dizendo: 'Podemos atingi-los em qualquer lugar'", afirmou. "É muito importante que tanto a população russa quanto a liderança recebam essa mensagem. Esse símbolo é muito mais importante do que o dano real."

Os ataques com drones geraram também protestos de blogueiros militares russos, que criticaram o Ministério da Defesa por não ter aprendido com ataques anteriores e protegido os bombardeiros. A construção de abrigos ou hangares para aviões tão grandes é uma tarefa difícil, e os militares tentaram algumas soluções improvisadas que foram criticadas como frágeis.

Imagens de satélite mostraram Tu-95s em várias bases aéreas cobertos por camadas de pneus velhos - medida de eficiência duvidosa que gerou zombaria nas mídias sociais.

md/cn (AP, DW)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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