A geração Beta chegou: como proteger o cérebro de quem vai alcançar o século 22? nz15
A nova geração Beta, composta por bebês nascidos a partir de 2025, está chegando. Essa é possivelmente a geração que mais vai viver. 63g4b
A nova geração Beta, composta por bebês nascidos a partir de 2025, está chegando. Essa é possivelmente a geração que mais vai viver na história da humanidade e vai ter famílias menores, pais e avós cada vez mais idosos e, ao atravessar a barreira do próximo século, ela própria vai encarar desafios como o declínio cognitivo e a maior incidência de quadros de demência, como a doença de Alzheimer. Quais os principais cuidados para garantir um futuro melhor? 3e5c34
O conceito de geração é um pouco arbitrário e assume que as pessoas que nascem em um determinado intervalo de tempo vão ter alguns comportamentos e atitudes semelhantes. Nem sempre a matemática da vida é tão exata assim. Mas, para os demógrafos, a turma nascida entre 2025 e 2039 (os Beta) vão representar até 2035 quase 16% da população mundial.
A Beta sucede a geração Alpha (nascida entre 2010 e 2024) e antecede a próxima, a Gama (que nascerá entre 2040 e 2054). Tecnologia em rápida evolução, foco em inovação, globalização acentuada e preocupação com sustentabilidade vão ser marcas dessa geração.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quem nascer em 2025 vai ter uma expectativa de vida de quase 77 anos. Entre as mulheres, essa idade é ainda maior e ultraa os 80 anos. Além de ficarem mais velhos, eles vão ter menos irmãos e primos, e devem conviver em boa parte da vida com um número crescente de idosos, já que a população brasileira vem envelhecendo.
O IBGE estima que devem nascer cerca de 2,4 milhões de bebês em 2025. Em 2020 foram 3,6 milhões e, em 2070, serão apenas 1,5 milhão. Ou seja, a população brasileira vai envelhecer e encolher nas próximas décadas.
Além de problemas sociais como quem vai cuidar dessa população mais velha e como os sistemas previdenciário e de saúde vão dar conta dessas pressões adicionais, existe a preocupação concreta com esse cérebro que envelhece.
A primeira questão é o impacto que o uso cada vez maior das tecnologias, a fusão da vida dentro e fora das telas e o avanço da IA (inteligência artificial) vão ter na saúde mental e no funcionamento cognitivo das crianças e adolescentes. Os especialistas indicam que a moderação nesse uso pode ser a melhor estratégia para garantir um futuro melhor. Mas como limitar essa interação em um mundo em rápida evolução?
Uma pesquisa recente da Universidade de Oxford, utilizando informações de 40 mil pessoas de mais de 45 anos do UK Biobank (que reúne dados anônimos de milhares de habitantes do Reino Unido) mostrou que diabetes, poluição ambiental e álcool são os três fatores de risco modificáveis mais importantes para as demências.
Diabetes na população adulta está muito ligada a hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, o que indica que mudanças no estilo de vida são centrais para prevenir a doença.
Uma nova edição da revista especializada Neuron publicou recentemente uma série de artigos com estratégias para reduzir o declínio cognitivo e as doenças neurodegenerativas. Além da genética de cada um, mais atividade física, dieta saudável, menor exposição à poluição e ao cigarro, evitar a solidão e o isolamento social, e tratar a perda da visão e da audição estão entre os principais fatores de proteção para o cérebro.
Outro estudo brasileiro da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), publicado agora em fevereiro na revista científica Lancet, depois de analisar dados de 41 mil pessoas na América Latina, mostra que a falta de o à educação também é um importante fator de risco para o declínio cognitivo e para as demências, com perda de memória, raciocínio e linguagem.
Além da educação, o trabalho da UFRGS mostra que questões de saúde mental, a instabilidade econômica e a insegurança social têm muito peso no envelhecimento do cérebro.
Para que essa nova geração que começa em 2025 e as futuras possam não apenas viver mais, mas também garantir por mais tempo sua saúde cognitiva, é fundamental proporcionar educação, segurança econômica e social e cuidados com a saúde mental. Além disso, hábitos de vida mais saudáveis e menor exposição a álcool, cigarro e poluição também tem uma importância significativa. É preciso endereçar todas essas questões para que nossa população possa envelhecer bem. E, você, já está se cuidando?
Jairo Bouer é médico psiquiatra e escreve semanalmente no Terra